Surpresa inesperada! Hora da batalha.

A batalha da Duda tinha começado no dia em que ela nasceu, eu não fazia ideia de nada.

Depois da Maria ter nascido fui para o quarto totalmente acabada, o papai estava no quarto me esperando, eram quase 3h da manhã, o tempo passou tão rápido que eu mal pude perceber que as horas passaram voando. Fui colocada na cama e logo peguei no sono, o papai da Maria estava ansioso pra poder dar banho nela, eles disseram que iam ligar, mas já haviam passado horas e nada de ligações, quando o telefone tocou ele saiu silenciosamente e quando voltou apenas me disse que ela iria ficar um pouquinho na UTI para poder se recuperar pois estava cansadinha do parto e o pulmão estava cansado. Fiquei triste mas não podia fazer muita coisa pois estava imobilizada na cama (as pernas formigam que é uma beleza!!).

No outro dia de manhã, fui visitar a recém chegada na UTI e meu coração doeu, ela estava em uma encubadora com aparelhinhos miúdos para poder respirar, ela parecia cansada e respirava com dificuldade, ai que dó da minha pequena. Voltei para o quarto, ela ficou lá no 2º andar, mas eu trouxe um coração carregado de dúvida, medo, tristeza e alguma coisa dentro de mim pediu para eu ficar calma. Claro que eu não consegui de jeito nenhum esconder minha lágrimas e chorei muito. A partir deste dia a esperança começou a aflorar em mim, rezei muito, é engraçado como as coisas são, precisamos vivenciar algumas coisas na vida para dar uma virada na vida, aos 21 você já fica em choque por ficar grávida, mas o choque de que você irá pra casa e sua filha continuará no hospital é outra história,  é como pisar no escuro. A minha hospedagem no hospital foi regada de visitas especiais, algumas dores por conta da cesária, comida com gosto, mamão, filmes na tv a cabo e muitas visitas à UTI e ao banco de leite, claro que o papai da Duda esteve o tempo todo do meu lado, onde eu ia ele estava junto, isso foi ótimo, foi confortante, foi a pessoa que me deixou tranquila o tempo todo mesmo sabendo que a situação da Maria não era nada fácil de resolver, foi no último dia que eu realizei que não ia ser nada fácil e deixar minha coisinha no hospital e ir para casa, o último dia de hospedagem foi numa sexta-feira, portanto fui acompanhada no sábado e no domingo com o meu marido para o hospital, enfrentamos juntos os primeiros dias, ela foi entubada com um caninho que ia até o pulmãozinho dela, para ventilar e fazê-la aprender a respirar, além disso, ela nasceu um pouco preguiçosa e na primeira dose de leite tomada o estômago inflamou, a Maria não tinha entendido que havia nascido. 

Maria Eduarda era tão pequenina naquela encubadora, que tudo me dava medo. Vê-la dopadinha era uma dor enorme e na segunda-feira eu descobri o que era ser uma mãe de UTI. No hospital havia uma sala onde as mães de UTI ficavam para lanchar, descansar, guardar suas coisas, assistir televisão, para muitas delas ali era um conforto há meses, minha primeira hora naquela saleta no sábado após eu ter ido para casa foi uma tortura, muitas histórias mexeram comigo mas me deixaram mais com medo do que com força, infelizmente eu não conseguia ficar naquela sala por mais tempo, mas isso é assunto para um post inteiro, depois eu conto. Voltando para a Maria: cada dia que eu ia lá e via algum progresso meu coração batia fortemente, eu mandava msgs o tempo todo para todos que nos acompanhavam e muita energia positiva, orações e forças foram unificadas para que ela ficasse bem logo, me sentia bem cada vez que publicava uma notícia para os mais próximos e eles diziam que iam rezar, eu pensava "é isso aí Deus, põe mais uma oração na conta!", quando ela abriu os olhos pela primeira vez foi o máximo, eu chorava e ria ao mesmo tempo. As enfermeiras cuidavam com muito carinho, houve alguns estresses com procedimentos e médicos, mas isso também conto com mais detalhes depois (já percebeu que tem assunto pra 'maidimetro'!).

A semana era um pouco solitária para mim, uma grande amiga (bjs pra ela!) me levava cedo (ás 7h!) na parte da manhã e o marido ia me buscar a noite, saíamos de lá às 20h quase todos os dias. Ficava o dia todo lá, tive muito muito muito apoio do meu marido, recebi flores e muita força ♥, tirava leite pela manhã e ficava sentada ao lado da encubadora, vendo as enfermeiras mexerem nela, trocando... rezei muito com ela e, mesmo com sono eu preferia ficar lá,  às 11h da manhã a pediatra sempre dava uma palavrinha com os pais para dar as notícias de progresso, era meu horário favorito, mas nem todos os dias foram de progresso. Foram 18 longos dias de angústias, alegrias, lágrimas e ansiedade. Primeiro tiraram o tubo (como chorei nesse dia!) E ela passou a ficar com o catéter no nariz, sondinha para alimentação e suplementação na veia.  Triste vê-la tão fragilizada,  me agarrei na fé,  na força,  em Deus, em Maria e na minha Maria. Ouvir as histórias das outras mães de UTI só me deixava mais cabisbaixa,  decidi que iria viver sem aquilo, vi muitas mães virarem família ali e achei lindo,  cuidavam uma das outras, eu era a mais nova naquele meio, rezei por todas elas, mas não me aproximei, acho que não me senti muito a vontade. 

A última semana, foi a mais emocionante e difícil,  começou logo na segunda-feira quando dei de mamar pela primeira vez, mais uma vez chorei. No sábado do dia 14 de dezembro ela veio pra casa, minha coisinha miudinha finalmente veio pra casa, foi tanta felicidade!! Sei que todos ao redor sentiram-se emocionados, eu tenho certeza, mas é difícil explicar como eu e o papai nos sentimos naquele dia, como eu me senti,  fiquei muito orgulhosa da Maria e acho que foi aí que eu entendi o por quê meu coração queria esse nome deste o princípio,  um nome forte com toda a força que uma Maria tem. Agradeci e meu sorriso estava estampado no meu rosto, o que eu senti foi mais forte que tudo e inexplicável,  esqueci o cansaço dos 18 dias, nossa ligação é muito forte, ela venceu e saiu lindinha, sem nada pra resolver, tenho certeza que nunca sentiu o que sentimos naquele dia♥ 

Uma das coisas que mais me marcou enquanto estive na UTI neonatal foi quando uma enfermeira estava me acalmando e me perguntou "A gente nunca espera que isso possa acontecer com a gente né? " - Não,  nunca ia imaginar que minha história,  que a história da Maria ia ser tão cheia de aventuras, de vitória,  de força e de luta.

Comentários

  1. Será que em todo post eu vou chorar? A história de vcs eh linda!!!

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  2. Esses nossos bebês chegaram para nos tornar mais fortes e fazer a gente acordar para a maternidade (ainda que muito jovens...). Verdadeiros presentes de Deus!

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  3. arrepiou a alma rs, mas tudo se resolveu, afinal toda história de princesa termina com final feliz!! Beijos :)

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